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HOME OFFICE: caminho irreversível?

escrito por Marco Ornellas

Nesta semana, tivemos a notícia de que a partir de 15 de setembro, a Prefeitura de São Paulo instituiu o Home Office de forma definitiva para mais de 120 mil servidores. Desde o começo da pandemia, milhares de servidores já trabalhavam nesse modelo. A Prefeitura justificou a ação falando em “caminho irreversível” e argumentando que os últimos meses trouxeram um aumento efetivo tanto na produtividade quanto na melhoria de prestação de serviços. Também tivemos a divulgação de uma pesquisa da empresa de cibersegurança Fortinet, que apontou que cerca de 30% das empresas devem manter o Home Office como modelo de trabalho. Esse é o momento em que estamos vivendo, de avaliação dos efeitos da pandemia, onde as escolhas começam a ser feitas. Mas será que em relação ao Home Office dá mesmo para falar em um “caminho irreversível”? Será que este é o melhor momento para estas tomadas de decisão? Já trouxemos para este espaço os prós e os contras do modelo. Citei aqui o caso da IBM, que em 2017 fazia um movimento contrário, o de trazer os trabalhadores em Home Office para o presencial. Voltei a falar com Ramsés Abdul Ghani – Global HR Leader – Developer & Cloud Ecosystem da IBM, essa semana, para saber qual foi o impacto da pandemia na empresa e nesse modelo de trabalho: “Esse é um tema bem polêmico em tempos de Covid, mas continuamos com o mesmo ponto de vista. O numero de funcionários em Home Office ou trabalhando em cidades diferentes na IBM era muito grande e isso estava afetando diretamente a nossa capacidade de colaborar e inovar. Nos últimos cinco anos, estamos gradualmente consolidando a população de IBMistas em localidades estratégicas para a cia (hubs). A Covid-19 tem funcionado como um acelerador da nossa estratégia de consolidação, a crise imobiliária nos permitiu sair de uma série de cidades e antecipar o final de contratos de aluguel que em geral são definidos por vários anos. Funcionários nessas cidades (e ao redor do mundo hoje) estão trabalhando de casa, mas com o tempo devem voltar para os principais hubs”. O que chama muito a atenção, é que estamos falando de uma empresa que não foi pega de surpresa pela necessidade de implantação do Home Office. Era um modelo de trabalho já experimentado e questionado, o que havia levado a empresa a uma opinião segura sobre ele. Aqui é preciso enfatizar que cada empresa terá que avaliar o modelo de acordo com o seu próprio binômio características + necessidades. A experiência de uma empresa pode não servir para outra e tudo terá que ser bem avaliado caso a caso. Mais uma vez, não há respostas fáceis. Ramsés também me disse na IBM houve o movimento de ouvir os funcionários, com uma conversa onde se discutiu os benefícios de trabalhar de casa versus trabalhar no escritório. O que foi percebido é que os funcionários em Home Office sentiam falta das dinâmicas específicas dos escritórios, da socialização, da visibilidade e do aprendizado. Mesmo com as vantagens percebidas e os benefícios de se trabalhar em casa, o plano da empresa é continuar com o retorno ao trabalho presencial, mas investindo mais na adaptação dos escritórios para aperfeiçoar as dinâmicas apontadas pelos colaboradores. Outra questão que colocada por Ramsés é: “O problema que estamos enfrentando é: em que ponto essa flexibilidade afeta a vantagem competitiva? Quando inovação é fonte de vantagem competitiva versus produtividade, vale a pena ter um time inteiro remoto? Ou consolidar para que as pessoas possam interagir em um local comum?” Pensando nessas questões, chegamos a um novo binômio: flexibilidade + resultados. Claro que tudo terá que ser medido, exaustivamente. E os colaboradores terão que ser ouvidos. Segundo uma pesquisa recente, 43% dos trabalhadores acreditam que o atual momento marca o fim do modelo “9 às 5” em escritórios. A maioria prefere trabalhar de 2 a 3 dias presencialmente por semana. Eles estão preocupados em voltar a um modelo antigo, perdendo a flexibilidade que ganharam. A atenção para a saúde agora se estende para além da pandemia e colaboradores já pensam nos ganhos de saúde do Home Office, o que é perfeitamente normal, se pensarmos no alívio que é não ter que pegar uma hora de trânsito para chegar ao trabalho em uma cidade como São Paulo, por exemplo. Informação no site do Grupo Anga, sobre essas questões: “Para nós, trabalho não é apenas um lugar ou um horário, é um estado no qual estamos abertos a deixar fluir nosso propósito e nossa energia, realizando mudanças positivas para a nossa realidade. Nós trabalhamos com autonomia porque confiamos uns nos outros e praticamos a autogestão porque respeitamos o que é melhor para cada um. É por isso que para nós, seja em São Paulo, Nova York ou Lisboa, às 9 da manhã ou às 7 da noite, o trabalho pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer hora. São os nossos acordos que definirão nossa rotina e como iremos colaborar juntos para transformar intenção em ação.” Aqui, podemos ver que para o Grupo Anga, o modelo se adapta bem às suas características e necessidades, com bons resultados de flexibilidade e resultados. No caso da Prefeitura de São Paulo, que começa a adotar o modelo, foi fixado um prazo de 90 dias para definir como se dará o regime em cada instância. Secretários, subprefeitos e diretores de autarquias deverão apresentar um balanço de como foi a experiência entre os seus subordinados. E só a partir daí, será fixada uma portaria com as diretrizes e normais gerais para o modelo de Home Office entre os servidores. O trabalho presencial não será abolido totalmente, podendo haver três alternativas de regime, com um dia, dois ou três presenciais por semana. O dia de atividade presencial não pode ser fixo e deve ter alternância. Acredito que o importante é criar meios para medir resultados e criar também uma flexibilidade para mudanças ao longo do caminho, evitando tomar aqueles que sejam de fato, irreversíveis.   Artigo de Marco Ornellas – Consultor e CEO da 157next.academy
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